15 Curiosidades sobre o Peru

terça-feira, junho 14, 2016

O Feufolândia voltou! E para inaugurar esse retorno de férias, já começo com um post sobre as curiosidades do Peru. Passamos por Lima, Cusco e o Valle Sagrado dos Incas. Uma viagem incrível que tenho o prazer de compartilhar com vocês. Então, vamos lá!

Peruana típica em Chinchero carregando sua filha, a pequena T'ika (flor, em quechua)
1. Existem dois tempos: seca e chuva
Para visitar o Peru, principalmente Machu Picchu, que é o passeio mais procurado, é preciso se programar bem, pois existem dois tempos: a seca e a chuva. A melhor época para viajar pra lá é entre maio e setembro, que é considerado o inverno deles. Eu fui em maio, pegamos tempo bem seco, sem um pingo de chuva. De dia, um céu azul maravilhoso, mas aquele friozinho que não tem como abandonar o gorro e nem o cachecol. Pela noite, a temperatura caía bastante. A máxima é de aproximadamente 18ºC e a mínima de 2ºC. No verão, entre dezembro e março, pode chover bastante, o que atrapalha os passeios.

Montanhas no caminho do Valle Sagrado / Machu Picchu, a cidade perdida dos incas
2. Os cachorros são responsáveis
Em Cusco e em Águas Calientes, vimos muitos, mas muitos cachorros nas ruas. Eles são calmos e passeiam tranquilamente pra lá e pra cá. Segundo a nossa guia, são cachorros responsáveis, atravessam a rua com cuidado e sabem muito bem por onde andar e o que fazer. E não são de rua! Esses bichinhos são de pessoas que moram por lá e deixam seus pets saírem quando bem entenderem. Funciona mais ou menos assim: se o dono está em casa, eles podem sair, quando o dono não está, eles ficam cuidando da residência, como cães de guarda mesmo. A guia, que é cusquenha, ainda falou que é comum encontrar o cachorro de sua prima ou tia andando nas ruas da cidade.
Os cachorros são lindos e dormem tranquilamente nas ruas até resolverem voltar para suas casas
3. Touros nos telhados das casas
É muito comum você ver pequenos touros nos telhados das casas de Cusco e do Valle Sagrado. É uma tradição do povo que representa sorte, esperança, prosperidade na vida e proteção. Os Toritos de Pucara, como são conhecidos, acompanham uma cruz também, que significa que ali vive uma família católica. Infelizmente, não consegui fotografar um desses nos telhados, mas fiquem com uma imagem de um tourinho à venda e da enorme escultura situada no Parque Kennedy, em Lima.

À esquerda, o Torito no Parque Kennedy em Lima. À direita, um torito na vitrine de uma loja de Urubamba
4. Lima tem um parque repleto de gatos
Se Cusco é a cidade dos cachorros, Lima é a dos gatos. Lá, eles ficam no Parque Kennedy, muito famoso na cidade. Os gatinhos são uns amores, calmos e dados com as pessoas que frequentam o local. Se você faz carinho em um, logo já vem uns cinco ou seis pedindo também. Eu fiquei louca lá!
Nessa foto consigo contar pelo menos uns 11 bichanos
5. Chicha morada é mais um sabor para o peruano
Tem bala de morango, cereja, laranja, mas também de chicha morada. Você também vai ver que eles bebem muita chicha morada, que nada mais é que um suco, um refresco doce, sem álcool, feito com milho roxo (maíz morado), que pode conter canela, abacaxi e outras frutas. É servido gelado e tem em tudo quanto é lugar. Inclusive, no caminho do Valle Sagrado, vemos muitas casinhas com uma sacola vermelha na ponta de um mastro, indicando que ali é vendida a chicha morada.

Mastro com sacola vermelha indica que vende chicha morada nesta casa em Urubamba / Chicha geladinha vendida na La Lucha Sangucheria Criolla, no Shopping Larcomar, em Lima / O famoso milho roxo (maíz morado) é usado também para tingir a lã de alpaca e lhama
6. Muitas igrejas em Cusco
Se você, assim como eu, adora igrejas, vai se apaixonar pelas catedrais e capelas de Cusco. Só o centro histórico possui cerca de nove, que você pode visitar em certos horários, mas infelizmente não podemos fotografar algumas partes internas. A maioria das igrejas são templos incríveis desde a época dos incas. Lugares com uma carga imensa de história. Como por exemplo, o Templo do Sol, ou Qorikancha (homenagem ao maior deus inca "Inti", o sol), onde é o atual Convento de Santo Domingo. Este lugar possui as edificações originais do tempo inca, pedras gigantes lapidadas com uma perfeição que é de tirar o fôlego.
Essa catedral é incrivelmente linda, tanto por dentro, como por fora
7. Beba água de garrafa
Aqui no Brasil, sei que é comum algumas pessoas beberem água da torneira. Em casa não temos esse costume. O filtro é aqueles do tipo torneira, mas também já usamos de barro. No Peru, é recomendado que se beba água de garrafa e nunca da torneira, ou mesmo não aceite uma água em um copo que você não viu de onde saiu. A água em garrafa é barata, fácil de encontrar nas farmácias e mercados. Fique atento para os sucos que podem ser feitos com água não filtrada também ou até mesmo o gelo que pode ter sido feito com água de torneira.

8. Em Lima não chove
O clima de Lima é bem estranho, de deserto, está sempre nublado, com um nevoeiro, que traz muita umidade e pode até chuviscar, mesmo assim, os peruanos não ligam pra isso e nem usam guarda-chuva. Em maio, pegamos um tempo ok, nem com chuviscos, mas quando chegamos na orla de Miraflores (bairro famoso da cidade), percebemos o céu cinza, que é um charme. Porém, fomos agraciados por um pôr do sol espetacular. As casas de alguns bairros da cidade nem possuem telhados, pois não chove, são "quadradonas", no meio fio das ruas não tem bueiros. Bem doido isso. Mas não podemos generalizar, pois li que apesar de a chuva ser quase nula, quando acontece de ela vir a cidade não está preparada e sofre muitos prejuízos.
Grata por esse pôr-do-sol maravilhoso em Lima
9. Negocie sempre
Quando você chegar a Cusco vai ser bombardeado por lojinhas com souvenirs e produtos típicos, além dos ambulantes. O lema é negociar sempre. Não tenha vergonha, nós conseguimos, acho que Paulo se saiu melhor nessa. Um produto que poderia sair por S/. 80 (soles), na pechincha você pode acabar levando por S/. 70 ou até S/. 65. Eles já esperam que o turista negocie, e às vezes, mesmo que você não fale nada e faça que não vai levar o produto, o vendedor acaba abaixando o preço.


10. O certo é quechua e não inca
Quechua (ou quíchua) era a denominação do povo que habitava a região. Isso foi uma das primeiras coisas que nossa guia explicou assim que entramos no Qorikancha. Inca era o título recebido pelo rei desse povo. O inca mais famoso e importante é o Pachacútec Yupanki, do quechua, "O que muda a Terra" ou "Reformador da Terra", o nono inca. Quando se fala em "cultura inca" ou até mesmo sobre a famosa "trilha inca", queremos dizer sobre algo relacionado a esses reis, imperadores, líderes. No caso da trilha, por exemplo, um caminho que esses reis percorriam.
Estátua do inca Pachacútec Yupanki na Plaza de Armas em Cusco
11. Porquinho-da-índia é o manjar do peruano
Sim, eles comem esse bichinho fofinho desde os tempos dos incas. Era a carne mais consumida pelo povo quechua. Ainda hoje, é fonte de alimento para muitas comunidades. A guia nos contou que eles costumam comer o porquinho-da-índia em dias festivos, como em um aniversário de alguém da família.

Criação de porquinho-da-índia em Chinchero
12. A língua quechua ainda é falada 
Um idioma da região dos Andes, bem antes da época do Império Inca, que ainda é falado por muitas pessoas na América do Sul. No Peru, principalmente nas comunidades que visitamos no Valle Sagrado, ouvíamos muito a língua dos índios. O quechua (quíchua ou runa simi) é preservado pois o povo tem orgulho de sua cultura, de suas raízes e não gostam de deixá-las para trás. Segundo nossa guia, é um idioma muito bonito e curioso. Algumas palavras em quechua lembram os sons das coisas, como onomatopeias, como por exemplo em "cachoeira", que em quechua fica "phajcha", e lê-se "patxá". Agora fale o "txá" e lembre do som da água caindo...

13. As casas de Cusco tem seu charme
No centro histórico existem muitas casinhas, poucas delas (no centro nervoso) são residências. Agora, com o turismo crescendo cada vez mais na região, é bem difícil morar no centro, então o que mais se encontra é o próprio comércio. Mas o charme fica por conta dos balcões dessas construções, que são as sacadas de madeira, a maioria muito bem decorados, herança que ficou desde a conquista espanhola.


14. É impossível ficar sem ouvir buzina de carro em Lima
O peruano não tem paciência! O trânsito tem suas regras, mas eles não seguem muito à risca e a buzina é a forma de comunicação. É incrível como que para qualquer situação eles tocam a buzina. Exemplo: o semáforo está para abrir, não abriu ainda, tá? Eles tocam a buzina, claro, para o carro da frente já ir se adiantando e engatar a primeira. O pedestre que está andando perto do meio fio com certeza vai levar uma buzinada, mesmo que ele já tenha a intenção de subir na calçada para sua segurança. Os ônibus param nos pontos, mas meio tortos, atrapalhando o trânsito. Pensa numa buzinada loooonga na bunda do motorista, ou aquele som repetido (bi bi bi bi bi bi), AFF! É curioso... Vira e mexe você encontra uma placa como essa aqui abaixo. Só eles mesmo para se entenderem, porque o pouco que presenciei do trânsito peruano era para ter visto uns 50 acidentes.


15. Cusco tem o formato de um puma
Hoje é mais difícil visualizar este formato na cidade, mas no projeto inicial (acredita-se ser de Pachácutec) o desenho de um puma era bem claro. Os incas acreditavam na existência de três mundos: o subterrâneo, dos mortos (representado pela serpente), o terreno, dos homens (representado por um puma) e o céu, dos deuses (representado por um condor). No mundo terreno, o puma se dividia em partes: a cabeça do felino estaria localizada nas montanhas, onde está Sacsayhuaman, e a praça central Huacaypata (Plaza de Armas) ocupa o peito do animal. Sendo assim, os incas organizaram sua divisão administrativa. A inscrição 'antisuyo' indica a 'trilha antisuyo' que começa desde a cidade de Cusco, até o Valle Sagrado e o palácio de Pachácutec, no povoado de Chinchero.

Detalhe localizado em uma das ruas do centro de Cusco

Que delícia escrever essas coisas para vocês. Assim eu consigo relembrar uma das viagens mais incríveis que já fiz na minha vida. Fiquem de olho aqui no Feufolândia, que venho com mais posts bacanas dessa aventura carregada de história.
Bjs.


2 comentários

  1. Amei a publicação! Melhor viagem que já fiz na minha vida, um povo super acolhedor, amante dos brasileiros, de uma culinária e cultura maravilhosa!!! Um local onde não se vê muita sujeira, um povo que ama e respeita suas cidades!!
    Quanto aos toritos de Pucara, trouxe um monte de lembrança e acabei ganhando de um colega de viagem! Vi que você não conseguiu tirar fotos deles nos telhados da casa, eu tenho algumas, caso queira uma contribuição!

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    1. Olá, Breno. Obrigada pelo comentário aqui no Feufolândia. E, desculpe pela demora em responder.

      Essa foi uma das viagens mais incríveis que já fiz. Tudo o que você disse é pura verdade! Um povo acolhedor, culinária deliciosa e a cultura, nem se fala. Eu amo a história dos incas! Adoraria uma foto sua dos Toritos de Pucara. Se puder, me envie pelo e-mail: feu_fa@hotmail.com

      Abraços.

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