Mal de altitude ou soroche: o que é e como evitar?

Se você pretende ir a Machu Picchu ou Cusco algum dia e já está fazendo pesquisas pela interwebs sobre os roteiros e dicas de hotéis, deve ter esbarrado por algum post falando de mal de altitude ou soroche. O fato é que isso acontece diferentemente com cada pessoa, não se assuste com o que ler por aí, mas entenda que é importante saber o que é isso antes de viajar para lugares altos.

Tá, mas o que é o tal soroche? 
Conhecido também como mal de altitude, o soroche é a sensação que sentimos quando viajamos para lugares com altitudes elevadas e não estamos acostumados com isso. Mas isso se manifesta de formas diferentes nas pessoas. Tem gente que nem sente nada. Tem gente que pode ter enjoo, dor de cabeça, dor de estômago, vômito, falta de ar, perda de apetite, dificuldade para dormir e até aumento da frequência cardíaca. Tudo porque quando a altitude é muito elevada, a pressão parcial do oxigênio é menor do que estamos acostumados no Brasil.

Depois de ter pesquisado bastante antes de viajar, até esperávamos sentir alguma coisa bem diferente ao chegar em Cusco, que está a 3.400 metros acima do nível do mar. Mas, pelo contrário. A primeira sensação foi ótima. Nada de enjoos ou dores de cabeça. Assim que chegamos no hotel, fomos recebidos com chá de coca bem quentinho.

E o que o chá de coca tem a ver com isso?
É o remédio mais eficiente para combater o soroche. Em todo lugar você encontra um chazinho e no hotel tem disponível a toda hora. Eu não gosto de chá, mas fiz questão de tomar para evitar qualquer mal estar. E tomei todos os dias que estive em Cusco. Você também pode mastigar a folha de coca, onde o efeito é mais rápido. Tem também as balinhas de coca, mas não é tão eficiente.

Chá da folha de coca
Para não falar que não senti nada, uma dorzinha de cabeça bem de leve chegou pela tarde, mas tranquilo. Pode ter sido associada ao soroche? Sim, mas sei lá, pode ter sido de fome também, vai saber!

O fato é que, como eu já disse, o mal de altitude pode se manifestar de várias maneiras na pessoa. Então, se você pretende viajar para algum lugar alto, não se preocupe. Vai tranquilo! Separei algumas dicas indispensáveis para você não ter surpresas na viagem:

Folhas de coca na mesa do café da manhã
1. Não recuse o chá de coca, mas sim, abuse dele!
Quando você chegar no hotel, eles vão te oferecer. Beba devagar! O gosto não é muito bom (na minha opinião), não é doce, é gosto de chá mesmo, mas vai te ajudar a escapar do soroche. Beba no café da manhã também, é bem quentinho, e ótimo para aquecer no inverno.

2. Coma coisas leves
Principalmente no primeiro dia da viagem procure se alimentar com coisas mais leves e saudáveis. Opte por frango, salada, legumes, coisas que sejam fáceis de digerir. E mastigue muito bem.

3. Beba bastante água
Ande sempre com sua garrafinha de água a tiracolo. O clima é outro, você vai sentir diferença, nem que seja mínima. A água ajuda bastante a se hidratar e também evita o soroche. Beba toda hora, todos os dias.

4. Descanse no primeiro dia
Super dica essa. Não dê a loca e saia batendo perna por aí, durma um pouquinho no hotel, pelo menos umas duas horinhas. Descanse do voo. Também vai te ajudar bastante a evitar o mal de altitude. Mesmo que você não esteja cansado, faça isso. Nosso organismo está começando a se acostumar com um lugar diferente e bem alto. Tudo dentro da gente está trabalhando de um jeito diferente.

5. Ande devagar, no seu limite
Eu sei que quando você chega em um lugar diferente, quer mais é aproveitar cada minuto. Mas como falei no tópico acima, o ideal é descansar um pouquinho. E mesmo depois de ter dado uma relaxada no hotel, quando você for bater perna pelo centro de Cusco, por exemplo, vá de boas. Algumas ruas são ladeiras e você vai precisar de ar para subi-las. Vá subindo devagar, no seu limite. Eu sofri um pouquinho em algumas ladeirinhas, viu. Mas ia fazendo pequenas paradas para me recuperar.

Chá de muña oferecido em Chinchero. Este chá também evita o soroche e o gosto é mais agradável, um pouco mentolado
Não preciso nem falar sobre o álcool e o fumo, né? O melhor é evitar, pelo menos nos primeiros dias, quando você ainda está 'aclimatando'. Mas caso você se sinta bem mal, mesmo tendo seguido todas essas dicas, na maioria dos hotéis e até no aeroporto são oferecidas bombinhas de oxigênio, e ainda você encontra em farmácias e mercadinhos.

Agora que você já sabe o que é o soroche, pode viajar mais tranquilo e aproveitar ainda mais seu passeio. :)



15 Curiosidades sobre o Peru

O Feufolândia voltou! E para inaugurar esse retorno de férias, já começo com um post sobre as curiosidades do Peru. Passamos por Lima, Cusco e o Valle Sagrado dos Incas. Uma viagem incrível que tenho o prazer de compartilhar com vocês. Então, vamos lá!
Peruana típica em Chinchero carregando sua filha, a pequena T'ika (flor, em quechua)
1. Existem dois tempos: seca e chuva
Para visitar o Peru, principalmente Machu Picchu, que é o passeio mais procurado, é preciso se programar bem, pois existem dois tempos: a seca e a chuva. A melhor época para viajar pra lá é entre maio e setembro, que é considerado o inverno deles. Eu fui em maio, pegamos tempo bem seco, sem um pingo de chuva. De dia, um céu azul maravilhoso, mas aquele friozinho que não tem como abandonar o gorro e nem o cachecol. Pela noite, a temperatura caía bastante. A máxima é de aproximadamente 18ºC e a mínima de 2ºC. No verão, entre dezembro e março, pode chover bastante, o que atrapalha os passeios.

Montanhas no caminho do Valle Sagrado / Machu Picchu, a cidade perdida dos incas
2. Os cachorros são responsáveis
Em Cusco e em Águas Calientes, vimos muitos, mas muitos cachorros nas ruas. Eles são calmos e passeiam tranquilamente pra lá e pra cá. Segundo a nossa guia, são cachorros responsáveis, atravessam a rua com cuidado e sabem muito bem por onde andar e o que fazer. E não são de rua! Esses bichinhos são de pessoas que moram por lá e deixam seus pets saírem quando bem entenderem. Funciona mais ou menos assim: se o dono está em casa, eles podem sair, quando o dono não está, eles ficam cuidando da residência, como cães de guarda mesmo. A guia, que é cusquenha, ainda falou que é comum encontrar o cachorro de sua prima ou tia andando nas ruas da cidade.
Os cachorros são lindos e dormem tranquilamente nas ruas até resolverem voltar para suas casas
3. Touros nos telhados das casas
É muito comum você ver pequenos touros nos telhados das casas de Cusco e do Valle Sagrado. É uma tradição do povo que representa sorte, esperança, prosperidade na vida e proteção. Os Toritos de Pucara, como são conhecidos, acompanham uma cruz também, que significa que ali vive uma família católica. Infelizmente, não consegui fotografar um desses nos telhados, mas fiquem com uma imagem de um tourinho à venda e da enorme escultura situada no Parque Kennedy, em Lima.

À esquerda, o Torito no Parque Kennedy em Lima. À direita, um torito na vitrine de uma loja de Urubamba
4. Lima tem um parque repleto de gatos
Se Cusco é a cidade dos cachorros, Lima é a dos gatos. Lá, eles ficam no Parque Kennedy, muito famoso na cidade. Os gatinhos são uns amores, calmos e dados com as pessoas que frequentam o local. Se você faz carinho em um, logo já vem uns cinco ou seis pedindo também. Eu fiquei louca lá!
Nessa foto consigo contar pelo menos uns 11 bichanos
5. Chicha morada é mais um sabor para o peruano
Tem bala de morango, cereja, laranja, mas também de chicha morada. Você também vai ver que eles bebem muita chicha morada, que nada mais é que um suco, um refresco doce, sem álcool, feito com milho roxo (maíz morado), que pode conter canela, abacaxi e outras frutas. É servido gelado e tem em tudo quanto é lugar. Inclusive, no caminho do Valle Sagrado, vemos muitas casinhas com uma sacola vermelha na ponta de um mastro, indicando que ali é vendida a chicha morada.

Mastro com sacola vermelha indica que vende chicha morada nesta casa em Urubamba / Chicha geladinha vendida na La Lucha Sangucheria Criolla, no Shopping Larcomar, em Lima / O famoso milho roxo (maíz morado) é usado também para tingir a lã de alpaca e lhama
6. Muitas igrejas em Cusco
Se você, assim como eu, adora igrejas, vai se apaixonar pelas catedrais e capelas de Cusco. Só o centro histórico possui cerca de nove, que você pode visitar em certos horários, mas infelizmente não podemos fotografar algumas partes internas. A maioria das igrejas são templos incríveis desde a época dos incas. Lugares com uma carga imensa de história. Como por exemplo, o Templo do Sol, ou Qorikancha (homenagem ao maior deus inca "Inti", o sol), onde é o atual Convento de Santo Domingo. Este lugar possui as edificações originais do tempo inca, pedras gigantes lapidadas com uma perfeição que é de tirar o fôlego.
Essa catedral é incrivelmente linda, tanto por dentro, como por fora
7. Beba água de garrafa
Aqui no Brasil, sei que é comum algumas pessoas beberem água da torneira. Em casa não temos esse costume. O filtro é aqueles do tipo torneira, mas também já usamos de barro. No Peru, é recomendado que se beba água de garrafa e nunca da torneira, ou mesmo não aceite uma água em um copo que você não viu de onde saiu. A água em garrafa é barata, fácil de encontrar nas farmácias e mercados. Fique atento para os sucos que podem ser feitos com água não filtrada também ou até mesmo o gelo que pode ter sido feito com água de torneira.

8. Em Lima não chove
O clima de Lima é bem estranho, de deserto, está sempre nublado, com um nevoeiro, que traz muita umidade e pode até chuviscar, mesmo assim, os peruanos não ligam pra isso e nem usam guarda-chuva. Em maio, pegamos um tempo ok, nem com chuviscos, mas quando chegamos na orla de Miraflores (bairro famoso da cidade), percebemos o céu cinza, que é um charme. Porém, fomos agraciados por um pôr do sol espetacular. As casas de alguns bairros da cidade nem possuem telhados, pois não chove, são "quadradonas", no meio fio das ruas não tem bueiros. Bem doido isso. Mas não podemos generalizar, pois li que apesar de a chuva ser quase nula, quando acontece de ela vir a cidade não está preparada e sofre muitos prejuízos.
Grata por esse pôr-do-sol maravilhoso em Lima
9. Negocie sempre
Quando você chegar a Cusco vai ser bombardeado por lojinhas com souvenirs e produtos típicos, além dos ambulantes. O lema é negociar sempre. Não tenha vergonha, nós conseguimos, acho que Paulo se saiu melhor nessa. Um produto que poderia sair por S/. 80 (soles), na pechincha você pode acabar levando por S/. 70 ou até S/. 65. Eles já esperam que o turista negocie, e às vezes, mesmo que você não fale nada e faça que não vai levar o produto, o vendedor acaba abaixando o preço.


10. O certo é quechua e não inca
Quechua (ou quíchua) era a denominação do povo que habitava a região. Isso foi uma das primeiras coisas que nossa guia explicou assim que entramos no Qorikancha. Inca era o título recebido pelo rei desse povo. O inca mais famoso e importante é o Pachacútec Yupanki, do quechua, "O que muda a Terra" ou "Reformador da Terra", o nono inca. Quando se fala em "cultura inca" ou até mesmo sobre a famosa "trilha inca", queremos dizer sobre algo relacionado a esses reis, imperadores, líderes. No caso da trilha, por exemplo, um caminho que esses reis percorriam.
Estátua do inca Pachacútec Yupanki na Plaza de Armas em Cusco
11. Porquinho-da-índia é o manjar do peruano
Sim, eles comem esse bichinho fofinho desde os tempos dos incas. Era a carne mais consumida pelo povo quechua. Ainda hoje, é fonte de alimento para muitas comunidades. A guia nos contou que eles costumam comer o porquinho-da-índia em dias festivos, como em um aniversário de alguém da família.

Criação de porquinho-da-índia em Chinchero
12. A língua quechua ainda é falada 
Um idioma da região dos Andes, bem antes da época do Império Inca, que ainda é falado por muitas pessoas na América do Sul. No Peru, principalmente nas comunidades que visitamos no Valle Sagrado, ouvíamos muito a língua dos índios. O quechua (quíchua ou runa simi) é preservado pois o povo tem orgulho de sua cultura, de suas raízes e não gostam de deixá-las para trás. Segundo nossa guia, é um idioma muito bonito e curioso. Algumas palavras em quechua lembram os sons das coisas, como onomatopeias, como por exemplo em "cachoeira", que em quechua fica "phajcha", e lê-se "patxá". Agora fale o "txá" e lembre do som da água caindo...

13. As casas de Cusco tem seu charme
No centro histórico existem muitas casinhas, poucas delas (no centro nervoso) são residências. Agora, com o turismo crescendo cada vez mais na região, é bem difícil morar no centro, então o que mais se encontra é o próprio comércio. Mas o charme fica por conta dos balcões dessas construções, que são as sacadas de madeira, a maioria muito bem decorados, herança que ficou desde a conquista espanhola.


14. É impossível ficar sem ouvir buzina de carro em Lima
O peruano não tem paciência! O trânsito tem suas regras, mas eles não seguem muito à risca e a buzina é a forma de comunicação. É incrível como que para qualquer situação eles tocam a buzina. Exemplo: o semáforo está para abrir, não abriu ainda, tá? Eles tocam a buzina, claro, para o carro da frente já ir se adiantando e engatar a primeira. O pedestre que está andando perto do meio fio com certeza vai levar uma buzinada, mesmo que ele já tenha a intenção de subir na calçada para sua segurança. Os ônibus param nos pontos, mas meio tortos, atrapalhando o trânsito. Pensa numa buzinada loooonga na bunda do motorista, ou aquele som repetido (bi bi bi bi bi bi), AFF! É curioso... Vira e mexe você encontra uma placa como essa aqui abaixo. Só eles mesmo para se entenderem, porque o pouco que presenciei do trânsito peruano era para ter visto uns 50 acidentes.


15. Cusco tem o formato de um puma
Hoje é mais difícil visualizar este formato na cidade, mas no projeto inicial (acredita-se ser de Pachácutec) o desenho de um puma era bem claro. Os incas acreditavam na existência de três mundos: o subterrâneo, dos mortos (representado pela serpente), o terreno, dos homens (representado por um puma) e o céu, dos deuses (representado por um condor). No mundo terreno, o puma se dividia em partes: a cabeça do felino estaria localizada nas montanhas, onde está Sacsayhuaman, e a praça central Huacaypata (Plaza de Armas) ocupa o peito do animal. Sendo assim, os incas organizaram sua divisão administrativa. A inscrição 'antisuyo' indica a 'trilha antisuyo' que começa desde a cidade de Cusco, até o Valle Sagrado e o palácio de Pachácutec, no povoado de Chinchero.

Detalhe localizado em uma das ruas do centro de Cusco

Que delícia escrever essas coisas para vocês. Assim eu consigo relembrar uma das viagens mais incríveis que já fiz na minha vida. Fiquem de olho aqui no Feufolândia, que venho com mais posts bacanas dessa aventura carregada de história.
Bjs.


Estou de férias!

Foto: Nad Hemnani - Unsplash
Oi pessoal,

Estou de férias e o blog também. No começo deste mês viajo para o Peru. Eu e Paulo passaremos por Lima, Cusco e visitaremos as ruínas de Machu Picchu, a 'cidade perdida dos Incas'. Tenho certeza que será uma experiência incrível! Por isso, venho contar tudo para vocês logo que eu voltar à rotina. Já andei separando uma série de posts sobre esta viagem, como por exemplo, dicas dos hotéis, passeios e curiosidades em geral deste lugar que é, no mínimo, curioso mesmo.

De lá, tentarei estar conectada para mostrar ou pelo Snapchat (feu_fa) ou Facebook ou Instagram algumas fotos da viagem. Então, aproveitem para me seguir e não perder nada. :)

A foto do post é do site Unsplash, de Nad Hemnani. Essa paisagem tem sido meu wallpaper há um tempão. Espero fazer uma foto das ruínas tão bonita quanto essa.

Bjs e até logo!

Foto: MMPS - Flickr: marroque



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